O Traumatismo Cranioencefálico (TCE) é um trauma provocado na região da cabeça, que é gerado por uma força física aplicada externamente. Traumas que acarretam em lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo ou seus vasos, são considerados TCE. Comumente, o traumatismo cranioencefálico produz uma alteração no estado de consciência, podendo levar a déficits cognitivos, comportamentais, emocionais e até mesmo físicos.
No Brasil, esse tipo de trauma é uma das principais causas de morbidade e mortalidade, principalmente nas 4 primeiras décadas de vida, sendo descrita por diversos autores como um problema de saúde pública. Ainda, o TCE considerado grave é associado a uma taxa de mortalidade de 30% a 70%, levando em conta que os sobreviventes muitas vezes são marcados por sequelas neurológicas graves, e com uma qualidade de vida diminuída.
A Escala de Coma de Glasgow (ECG) auxilia na classificação do nível de consciência do indivíduo que sofreu o TCE, mediante a observação do seu comportamento, levando em consideração o valor numérico de acordo com a pontuação obtida através de três parâmetros (abertura ocular, resposta verbal e resposta motora), recebendo assim um escore, variando de 3 a 15, sendo o melhor escore 15 e o menor 3.
A aplicação dessa escala é considerada simples e deve ser feita com base no exame do paciente 6 horas após o trauma. O intervalo de 6 horas é recomendado por seus autores, considerando que durante as primeiras horas pós-trauma muitos dos pacientes são sedados para serem intubados, ou para analgesia, podendo interferir na pontuação final e na avaliação global do nível de consciência.
Pacientes com escore 15 apresentam nível de consciência normal. Pacientes com escores menores que 8 são considerados em coma, representando estado de extrema urgência. O escore 3 é compatível com morte cerebral, entretanto, para a confirmação de morte cerebral, há a necessidade de avaliar outros parâmetros. O TCE é classificado em leve, moderado e grave, de acordo com a pontuação do nível de consciência, mensurado pela ECG.
Há dois tipos de classificações principais do TCE: trauma cranioencefálico fechado (TCEF) ou trauma cranioencefálico aberto (TCEA).
Nesse tipo de trauma o crânio permanece íntegro, ou seja, fechado. Normalmente é resultado de acidentes com veículos motorizados ou quedas, responsáveis por gerar uma rápida aceleração e desaceleração da cabeça. Esse tipo de movimento é responsável por “jogar” o cérebro anteriormente e posteriormente dentro da caixa craniana, acarretando em lesões das fibras nervosas.
Já nesse tipo de trauma o crânio é fraturado ou perfurado, sendo resultado principalmente de ferimentos por arma de fogo, armas brancas ou acidentes que causem penetração do crânio, expondo assim a substância cerebral (conteúdo dentro da caixa craniana).
A maioria dos indivíduos que sofrem TCE são do sexo masculino, com idade entre 18 a 30 anos, que em grande parte apresentam o trauma como decorrência de acidentes automobilísticos, violência e esportes que apresentem elemento de risco/impacto. Ainda, um fator que se mostra contribuinte para o aumento da incidência é a ingestão de bebidas alcoólicas previamente ao uso de veículos.
O risco de traumatismo cranioencefálico é ainda significativo em bebês, crianças pequenas e idosos, entretanto em crianças a morbimortalidade é considerada menor, uma vez que ainda há a maior probabilidade de ocorrência da neuroplasticidade.
Diversas podem ser as causas geradoras do TCE, sendo a causa mais comum os acidentes de veículos, já citado anteriormente, que ocasiona a mortalidade e morbidade principalmente de adolescentes e adultos jovens. As quedas são responsáveis pelo segundo maior grupo de lesões, e são mais comuns nas faixas pediátricas e geriátricas. Entretanto, em algumas localidades, as lesões por arma de fogo recebem lugar de destaque.
As principais alterações e comprometimentos observados após o TCE são déficits físicos; sensoriais; cognitivos e comportamentais.
Grande parte dos indivíduos que apresentam lesões consideradas graves voltam a ter funcionalidade dos membros e a serem independentes em suas atividades de vida diária (AVD’s).
Para isso, é importante um acompanhamento multidisciplinar integrado, composto por médico neurologista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeiros, psicólogos, entre outros profissionais que se julgarem necessários, e que atuem em todas as áreas consideradas críticas para determinado paciente.
O resultado varia de acordo com diversos fatores, porém as intervenções devem ser iniciadas o mais precocemente possível.
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