A saliva é um componente muito importante para o corpo humano, sendo responsável por auxiliar na manutenção da homeostase corporal, na digestão, na lubrificação e também na imunidade. Em indivíduos sem nenhum tipo de desordem, a produção de saliva diária é de cerca de 500 ml a 2 litros, entretanto, pessoas que apresentam desordens tem essa produção afetada.
A sialorreia, chamada também de hipersialose, é quando o corpo produz saliva em excesso, fazendo com que o indivíduo apresente uma grande dificuldade de degluti-la.
Esse distúrbio pode ser subdividido em primário ou secundário. Quando é primário, significa que essa hipersalivação é decorrente da hipersecreção das glândulas salivares. Já no secundário, a causa é uma falha neurogênica na coordenação da musculatura da língua, palato e face, responsáveis pela fase oral da deglutição.
No Brasil, cerca de 50% dos pacientes que possuem Paralisia Cerebral apresentam sialorreia, e essa porcentagem aumenta para indivíduos com doenças neurológicas degenerativas, podendo chegar a 80% dos casos.
As principais causas que levam a sialorreia podem ser divididas em: anatômicas, decorrentes de disfunções neuromusculares e/ou sensoriais e por inflamações.
Os sintomas do distúrbio variam de acordo com o seu tipo, neste caso temos a sialorreia anterior e a posterior.
Além disso, a hipersalivação pode causar outros prejuízos, como interferência da função mastigatória, interferência na fala, infecções e inflamações orais, entre outros.
É a partir do relato dos sintomas e do exame físico que o diagnóstico é feito pelo médico. O exame abrange a cavidade oral, o posicionamento da cabeça e a verificação da condição dos nervos dos pares cranianos.
O tratamento da sialorreia pode ser feito com o uso da toxina botulínica do tipo A, aplicando nas glândulas salivares e causando a redução da produção de saliva. Esse procedimento possui baixo índice de efeitos colaterais, além de ser um método pouco invasivo.
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Alguns exames podem ser necessários para a realização da aplicação da toxina, principalmente pela glândula submandibular apresentar dificuldade em ser detectada apenas através da palpação do especialista. Recursos de imagem, como a ultrassonografia, facilitam ao médico a detecção da glândula para a aplicação da toxina. A duração do efeito da toxina botulínica comumente varia entre 2 a 6 meses, sendo que durações maiores de efeito necessitam de aplicações de doses maiores.
Além desse tipo de tratamento, podem ser utilizadas drogas anticolinérgicas consideradas eficazes porém, apresentam efeitos colaterais e algumas contraindicações. Procedimentos cirúrgicos são recomendados apenas para os casos graves mais graves, que não possuem outra opção de tratamento.
O auxílio da fonoterapia, realizado por um fonoaudiólogo, no tratamento é essencial! São utilizadas técnicas de terapia motora-oral, ajudando na correção do posicionamento do lábio, língua, mandíbula, postura de cabeça e pescoço.
Por fim, sabendo da existência da condição “sialorreia” é necessário esclarecer que não há como prevenir a sua ocorrência, principalmente quando decorrente de quadros neurológicos graves ou avançados.
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